domingo, 20 de dezembro de 2009

AÇÃO, SUPERAÇÃO, ESPORTE E EXISTÊNCIA

Em elaboração.


AÇÃO, SUPERAÇÃO, ESPORTE E EXISTÊNCIA
Da Psicologia do Esporte Fenomenológico Existencial.
Abordagens Gestáltica e Rogeriana

Afonso H Lisboa da Fonseca, psicólogo.


Pro Garrincha, que nos deu alegria.
E para a alegria de jogar e de viver,
de que ele é patrono.


Nem precisamos – na verdade é impróprio – falar de ‘um nexo’ entre a ‘existência’ -- o fenomenológico, o dialógico, ser no mundo --; e a experiência esportiva. Uma vez que coincidem a existência, strictu senso, e a experiência esportiva. O esporte, em seus melhores e mais paradigmáticos momentos, é, apenas, uma variedade do modo existencial, do modo ontológico, de sermos. Modo este especificamente ativo de sermos, fenomenológico existencial, hermenêutico, dialógico.
O modo fenomenológico existencial de sermos da experiência esportiva desfruta, em intensividade, da gratuidade e do prazer da ação, da interpretação (fenomenológica), da criação, da superação, eminentemente próprias ao existencial. Assim, como a existência, strictu senso, o modo de sermos na vivência esportiva é eminente e especificamente, igualmente, ativo, e hermenêutico – no sentido fenomenológico existencial, naturalmente.
De modo que o logos esportivo – o processo de constituição de sentido a partir do possível, potente, e da ação no âmbito da vivência esportiva --, é o mesmo logos existencial; fenomenológico, existencial, hermenêutico, e dialógico.
O psico logos esportivo é, pois, o logos existencial, o fenômeno logos.
E o papel da psicologia fenomenológico existencial do esporte, na qualificação da experiência esportiva, é o de potencializar a qualidade estética (fenomenológico existencial e dialógica) e performática do desempenho experiencial, e experimental, fenomenológico existencial e dialógico, de equipes e de atletas, nas modalidades coletivas e individuais do esporte; potencializando o que, do ponto de vista esportivo, e existencial, estético, são as qualidades da experiência esportiva e os seus rendimentos esportivos.

1. Existência e Experiência Esportiva
Do ponto de vista ontológico (da Ontologia), temos dois modos existenciais de ser.
O modo propriamente designado como existencial, fenomenológico existencial e dialógico. Que é o modo ontológico (como modo da vivência ontológica) de sermos; hermenêutico, modo ativo de sermos, e modo de sermos ontológico de nossa auto- superação, modo empático de sermos. Modo de sermos do acontecer, a partir do desdobramento, da atualização, inter-pret-ação (fenomenológico existencial, im-plicativa) das possibilidades que são próprias aos momentos de sua vivência. Grosso modo: modo fenomenológico de sermos, experiencial e experimental (no sentido fenomenológico), vivencial – vivenciativo, eu-tu, ser no mundo... O modo de sermos da criação.
Ontológicamente – ainda que, especificamente, não ontológico, no que concerne ao modo da experiência – somos também, e nele vivemos mais estavelmente, o modo em que somos o não acontecer. O modo em que somos acontecido, e real, realizados; enquanto modo de sermos em que as possibilidades vivenciadas atualizaram-se, desdobraram-se; e, no desdobramento do ato, da ação, constituíram-se em realidade; ou seja, coisificaram-se, na medida em que consumiram, exauriram, na ação, as forças que as animavam enquanto possibilidades.
Este modo inerte, não ativo, de sermos, modo de sermos do acontecido, impossível, impotente, é o modo de sermos como coisa; no qual constituímos uma existência acontecida e coisificada, como tal, e uma história. E, modo de sermos em que, acontecidos, nos preparamos para novos momentos de criação, e de auto-superação dos momentos vindouros de nosso acontecer. Este modo inerte e coisificado de sermos é o que Buber chamou de modo eu-isso de sermos. O modo ôntico de sermos.

Pois bem, o que caracteriza a experiência esportiva, é a concentração vivencial na direção do modo ativo e ontológico de sermos, do modo de sermos do acontecer, da ação, da atualização, da criação. O que caracteriza a experiência esportiva é a atividade ao ar livre, ou nos ginásios; e, coletiva, ou individualmente, a atividade da auto-superação, na peleja com adversários.
Esta peleja demanda a prevalência, na momentaneidade concentrada da experiência esportiva, do modo ativo, fenomenológico existencial, que permite o excitamento e a atualização de possibilidades, o acontecer, no processo da ação, da auto-superação, e da criatividade De modo que o modo de sermos da experiência esportiva é concentração intensiva no modo fenomenológico existencial, ontológico, de sermos.

2. O vivenciativo
O modo vivencial de sermos, fenomenológico e existencial, dialógico, que é o modo ontológico de sermos, e que caracteriza a experiência esportiva, tem características muito peculiares.
Em primeiro lugar, o que nos conduz ao estranhamento, este modo de sermos não é o modo acontecido de sermos. Em sendo o modo de sermos caracterizado pela vivência intensiva de possibilidades, é o modo de sermos do possível, e do seu desdobramento na ação, como processo de acontecer, modo de sermos antípoda do modo de sermos da realidade.
O modo de sermos fenomenológico existencial, dialógico, hermenêutico, o modo de sermos da concentração da experiência esportiva, não é, portanto, o modo de sermos da ordem da realidade, mas é o modo de sermos da ordem da possibilidade, do possível; e da atualização, da ação, como desdobramento de possibilidade.
É gratuito em sua riqueza e intensidade de possibilidades, na medida em que constitui o núcleo do mais íntimo que somos. E demanda, para a sua atualização, o espírito do jogo, e da brincadeira. A gratuidade do jogo e da brincadeira. É o modo eminentemente estésico de sermos, na medida em que é vivência, atualização imediata, de corpo e de sentidos. Sua atualização, da ordem da estética. De modo que exige, na pontualidade de sua disfunção, o modo estético, não teórico, não comportamental, e não prático de conhecimento, e de inventividade.
Na experiência esportiva, assim como no modo fenomenológico existencial e dialógico de sermos estamos aquém da dicotomização sujeito-objeto. Na intensão da vivência do possível, e do seu desdobramento em ação. Não nos distinguimos do mundo como um sujeito se dicotomiza com relação a um objeto.
Da mesma forma, a possibilidade -- que, como Buber indica, não sou eu quem cria, mas que não acontece sem mim, e sua atualização --, não se submetem à causalidade. Ou seja, podem ser desdobradas, mas estão fora das determinações da causalidade, estão fora das determinações das relações de causa e efeito.
Da mesma forma que estão fora das relações de utilidade e de uso.
Só o jogo gratuito, a brincadeira, permitem a vivência da possibilidade, e a sua atualização, no âmbito fenomenológico existencial, e no âmbito existencial da experiência esportiva.
Do ponto de vista da Gestal’terapia e da Abordagem Rogeriana, a experiência esportiva se caracteriza, portanto, como a própria intensividade da atualização. A atualização é o ponto focal da concepção e da metodologia da Abordagem Rogeriana e da Gestal’terapia. Buscam estas abordagens, pelo privilégio da empatia -- ou seja, pelo privilegiamento, no âmbito da vivência de sua metodológica, do modo compreensivo, fenomenológico existencial e dialógico de sermos; e pela experimentação fenomenológico existencial – a potencialização da ação, da criação, da criatividade. Que se dá apenas como atualização das possibilidades própria e especificamente vividas no modo fenomenológico existencial e dialógico de sermos.
De modo que toda a metodológica e instrumentação da Gestal’terapia e da Abordagem Rogeriana, seja ela ao nível do trabalho com grupos, ou do trabalho com o indivíduo singular, oferece um paradigma singularmente dotado para a psicologia do esporte. Uma vez que a experiência esportiva, seja ela individual ou coletiva, se caracteriza, própria e especificamente, como experiência fenomenológico existencial dialógica. Que pode ser eminentemente qualificada, e potencializada, pela metodológica e instrumentação fenomenológico existencial, da Gestal’terapia e da Abordagem Rogeriana.

3. Gestalt ação e experimentação na experiência esportiva

4. Compreensão, empatia e ação na experiência esportiva

5. O campo dialógico na experiência esportiva

6. O campo dialógico na experiência dos esportes coletivos

7. O campo dialógico na experiência dos esportes individuais

8. A experiência esportiva como hermenêutica fenomenológica e existencial

9.